17 setembro 2011

Quando o normal vira doença e a doença te tira do normal...

Mudei a maneira de me vestir, ou de usar acessórios que jamais tive coragem, com a necessidade de aparecer em público careca, de ir ao cinema, ou ao shopping e ví que as pessoas te olham diferente, claro...eu tinha um lenço de malha colorido na cabeça!!! ou um chapéu...meu Deus, era só um chapéu, e quantos olhares...

No começo eu me incomodava um pouco com esses olhares, mas passado um tempo, fui me acostumando e entendendo o que a Martha diz neste texto que segue:

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Lendo uma entrevista do professor Hermógenes, 86 anos, considerado o fundador da ioga no Brasil, ouvi uma palavra inventada por ele que me pareceu muito procedente: ele disse que o ser humano está sofrendo de “normose”, a doença de ser normal. Todo mundo quer se encaixar num padrão. Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito “normal” é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Quem não se “normaliza” acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o que de nós? Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?

Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha “presença” através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.

A “normose” não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar?

Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias. Um pouco de auto-estima basta. Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu “normal” e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante. O normal de cada um tem que ser original. Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.

Simpatizo cada vez mais com quem nos ajuda a remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Por isso divulgo o alerta: a “normose” está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.

Martha Medeiros -Jornal Zero Hora-P.Alegre-RS)

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Claro que como estilista, meu interesse nesse caso é a moda e a maneira como as pessoas padronizam a maneira de se vestir, mas vale prá tudo, comportamento, escolhas, relacionamentos...

Achei o texto bárbaro e hoje, já com cabelos (curtíssimos, mas cabelos!!) adotei uma postura um pouco diferente:

Me visto com os olhos em mim, no que me faz bem, no conforto que uma roupa molinha pode trazer, no que representa o acessório que estou usando... e quem é que vai me repreender??? hein???